(…)Decidi que não ia mais ter que pensar em ti e por isso, por mais perturbador que fosse o facto de te desejar tão intensamente, tentei respirar fundo e colocar esse pensamento de parte.
Os dias foram-se passando, o trabalho tinha sido tão cansativo e stressante, no entanto, os dias arrastavam-se com rapidez, como se houvesse sempre uma música de fundo a acompanhar-me e o pensamento de ti me fizesse viajar para lugares distantes. Por sorte não levei nenhum sermão pois o meu corpo tinha estado presente todos os dias mas a minha cabeça divagava… Todos repararam mas ninguém até então teve coragem de me dizer até que por fim chegou o fim-de-semana e a minha colega alertou-me que eu parecia aérea e precisava de descansar. Foi nesse momento que caí em mim e percebi que ia ter que parar de divagar daquela maneira ou as coisas acabariam por correr mal.
Coloquei uma alça da mochila no ombro e saí ansiosa por exorcizar os pensamentos que me tinham ocorrido durante toda a semana. Enquanto esperava pelo autocarro li um livro e tentei concentrar-me no que tinha que fazer durante o fim-de-semana, foi aí que vi que te aproximavas e percebi que não tinha acabado. O meu pesadelo só tinha acabado de começar quando convidaste-me para um café e da minha boca queria sair um “sim”, como se na minha vida já não houvessem problemas suficientes para me ocupar o tempo. De repente lembrei-me do que tinha tentado evitar toda a semana, das pontas dos teus dedos a tocar nas minhas mãos e a provocar um arrepio por todo o meu corpo, dos teus olhos negros observarem-me sem desviarem-se por um segundo e da tua voz, suave mas tão firme e cheia de certezas. Não queria descobrir mais para além disso mas no fundo fazias sentir-me viva, foi assim que aceitei o teu convite e acabei por desistir de um fim-de-semana para concentrar-me em uma vida normal novamente, uma vida sem grandes sobressaltos ou emoções.
Published on 19 de Março de 2022
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