Tudo se resumiu aquele dia em que tudo acabou, eu chorei, chorei muito, não fazia contas com o dia de amanhã, o amanhã parecia-me enublado, triste, e o agora era qualquer coisa abstracta e escura que me fazia querer fugir do mundo.
Mas eu tive que acordar, a luz do dia seguinte, forte, clara, invadiu os meus cobertores e obrigou-me a sair da cama, a minha cabeça latejava, os meus olhos ardiam, resquícios de lágrimas da noite anterior. Era tudo um silêncio absoluto, tranquilo, vazio…
Bem, tenho que comer, tenho que limpar, tenho que tomar um duche…A seguir a esse dia os dias foram fluindo e de repente a normalidade voltou, às vezes a meio gás, às vezes velozes, às vezes laranja cor do sol, outras vezes cinzentos…Naquele dia em que parecia que o mundo acabava o dia seguiu, as pessoas foram até aos seus trabalhos, as crianças brincavam na escola e os pássaros brincavam nas árvores…
Naquele dia o mundo não acabou, mesmo que dias assim aconteçam, em que acreditamos que não há depois.